A VERGONHOSA LATA DA SEITA DO MPLA

O MPLA (a seita que está no Poder há 50 anos) considerou hoje que o desenvolvimento de Angola só será pleno com a erradicação da pobreza e a garantia do acesso, de cada cidadão, em todo o país, à saúde, educação e um futuro melhor. E então, onde fica a tese de João Lourenço de que “o MPLA fez mais em 50 anos do que os portugueses em 500”?

Por Orlando Castro

Segundo a seita liderada por João Lourenço, a paz conquistada com diálogo e perseverança foi o alicerce da reconstrução do país, reconhecendo, no entanto, que persistem desafios que não podem ser ignorados.

“A luta contra a pobreza, contra as assimetrias regionais, contra a corrupção, vis-à-vis com o compromisso de melhorar a qualidade da educação e da saúde, aumentar a criação de emprego, em particular para os jovens, reforçar a diversificação da economia, a proteção social e o Estado democrático e de direito, são batalhas do nosso tempo”, disse hoje o presidente do grupo parlamentar do MPLA, Reis Júnior.

O político, que procedia a apresentação da declaração política no início da sessão plenária que discutiu a proposta do Orçamento Geral do Estado (OGE) 2026, reconheceu que o desenvolvimento do país só será pleno quando for capaz de “erradicar a pobreza e garantir o acesso de cada cidadão, de Cabinda ao Cunene, do mar ao leste, à saúde, educação e, portanto, um futuro melhor”.

“O nosso compromisso, agora, é legar às gerações futuras uma Angola mais próspera, mais justa e mais unida”, referiu, depois de destacar que a paz permitiu a reconstrução de pontes, estradas e a modernização de hospitais e escolas.

De acordo com o político do MPLA, o Presidente (não eleito), João Lourenço, lançou, recentemente, no seu discurso à Nação, os alicerces para a modernização de áreas como a saúde, a educação, a energia e as infra-estruturas que durante décadas estiveram deficitárias.

Os “números do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não petrolífero, de redução da dívida e de expansão da rede sanitária e escolar, são indicadores de que o país está a superar o seu défice estrutural, pós-guerra”, apontou.

Reis Júnior considerou também, na sua intervenção, que, para garantir que os investimentos realizados se traduzam em “melhorais tangíveis” na qualidade de vida das populações, “é fundamental acelerar as reformas da justiça e da administração pública, garantir serviços públicos mais eficientes e combater a corrupção”.

Manifestou ainda apoio às declarações do Presidente angolano sobre a necessidade de se “continuar a considerar a comunicação social como um instrumento importante de afirmação dos direitos fundamentais dos cidadãos e de formação positiva da consciência nacional”.

O grupo parlamentar do MPLA, salientou o seu presidente, compromete-se igualmente a empenhar-se na conformação da legislação para permitir que a Entidade Reguladora da Comunicação Social Angolana (ERCA) se torne “numa verdadeira entidade administrativa independente, em todas as dimensões, e que a Comissão da Carteira e Ética seja verdadeiramente autónoma”.

A Assembleia Nacional de Angola (do MPLA, mais propriamente) iniciou a discussão na generalidade da proposta do OGE 2026, documento que estima receitas e fixa despesas de 33,2 biliões de kwanzas (cerca de 31 mil milhões de euros).

Para o MPLA, seita que suporta caninamente e desde sempre o Governo, a proposta orçamental para o exercício económico do próximo ano “é histórica”, pois, argumentou Reis Júnior, pela primeira vez as receitas provenientes do setor não petrolífero ultrapassam as receitas do setor petrolífero.

“Este facto é a prova de que a diversificação da economia no país é uma realidade, que só os má-língua não conseguem ou não querem ver”, rematou.

O QUE A SEITA NÃO DIZ

Antes da independência, Angola liderava o desenvolvimento económico, social, cultural etc. de todas as colónias portuguesas de então, e em 1974/75 já tinha ultrapassado o nível de vida de Portugal. Todos os angolanos lutavam para serem excelentes, fazendo dessa estratégia a melhor forma de sermos bons. E éramos mesmo bons. A realidade era de tal forma sólida que, mesmo antes do golpe de estado militar em Portugal, já (todos) os angolanos tinham na mente que, mais ano menos ano, seríamos independentes.

Angola, em 1974, era o terceiro maior produtor mundial de café, o quarto maior produtor mundial de algodão, o primeiro exportador africano de carne bovina; o segundo exportador africano de sisal; o segundo maior exportador mundial de farinha de peixe; por via do Grémio do Milho tinha a melhor rede de silos de África; tinha o CFB — Caminho de Ferro de Benguela, do Lobito ao Dilolo‒RDC, o CFM — Caminho de Ferro de Moçâmedes, do Namibe até Menongue, o CFA — Caminho de Ferro de Angola, de Luanda até Malange e o CFA — Caminho de Ferro do Amboim, de Porto Amboim até à Gabela.

Também tinha no Lobito estaleiros de construção naval da SOREFAME; tinha pelo menos três fábricas de salchicharia; quatro empresas produtoras de cerveja, de proprietários diferentes; quatro fábricas diferentes de tintas; duas fábricas independentes de fabricação ou montagem de motorizadas e bicicletas; seis fábricas independentes de refrigerantes, nomeadamente da Coca-Cola, Pepsi-Cola e Canada-Dry, bebidas alcoólicas à base de ananás ou de laranja. E havia ainda a SBEL, Sociedades de Bebidas Espirituosas do Lobito.

Além disso também tinha a fábrica de pneus da Mabor; três fábricas de açúcar, a da Tentativa, a da Catumbela e a do Dombe Grande; era o maior exportador mundial de banana, graças ao Vale do Cavaco; uma linha de montagem da Hitachi, dos óleos alimentares da Algodoeira Agrícola de Angola, e da portentosa indústria pesqueira da Baía Farta e de Moçâmedes, e da EPAL, fábrica de conservas de sardinha e de atum.

Alguém ouviu alguma vez o general João Lourenço reconhecer que 68% da população angolana é afectada pela pobreza, que a taxa de mortalidade infantil é das mais altas do mundo, com 250 mortes por cada 1.000 crianças? Alguém o ouviu dizer que apenas 38% da população angolana tem acesso a água potável e somente 44% dispõe de saneamento básico?

Alguém ouviu alguma vez o general João Lourenço reconhecer que apenas um quarto da população angolana tem acesso a serviços de saúde, que, na maior parte dos casos, são de fraca qualidade? Alguém o ouviu dizer que 12% dos hospitais, 11% dos centros de saúde e 85% dos postos de saúde existentes no país apresentam problemas ao nível das instalações, da falta de pessoal e de carência de medicamentos?

Alguém ouviu alguma vez o general João Lourenço reconhecer que 45% das crianças angolanas sofrerem de má nutrição crónica, sendo que uma em cada quatro (25%) morre antes de atingir os cinco anos? Alguém o ouviu dizer que, em Angola, a dependência sócio-económica a favores, privilégios e bens, ou seja, o cabritismo, é o método utilizado pelo MPLA para amordaçar os angolanos?

Alguém alguma vez ouviu o general João Lourenço reconhecer que, em Angola, o acesso à boa educação, aos condomínios, ao capital accionista dos bancos e das seguradoras, aos grandes negócios, às licitações dos blocos petrolíferos, está limitado a um grupo muito restrito de famílias ligadas ao regime no poder?

Alguém ouviu alguma vez o general João Lourenço reconhecer que Angola é um dos países mais corruptos do mundo e que tem mais de 20 milhões de pobres?

Folha 8 com Lusa

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